sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A VOLTA - CHEGADA AO HOTEL E OUTRAS PROVIDÊNCIAS






De volta à Pamplona, resolvi ficar em um hotel que havia pesquisado na internet, antes de sair do Brasil - Hotel Eslava - onde sabia que alguns peregrinos haviam se hospedado naquela fase de chegada a Pamplona, antes de iniciar o Caminho. É um hotel simples, de bom preço e, para os padrões eurupeus, eu diria que é "um achado", visto que tudo na Europa é muito bem cobrado, principalmente se tiver um certo conforto a mais.

Ivan, o taxista de Puente de la Reina, me deixou lá, por volta das 09 da manhã, do dia 08.09. Eu tinha que encontrar uma lan, ou "un locutório", pois a seguradora me cobrava envio do laudo médico para realizar os trâmites de minha passagem de volta. No Brasil era apenas 04 da madrugada, onde eu tinha, ainda, umas cinco horas para me virar, e conseguir me colocar dentro da tal lan.

Junto à portaria do hotel, Ivan já foi colocando aos funcionários e proprietária o que havia me acontecido, onde passei a ser chamada de "Peregrina Rota", ou seja, "peregrina quebrada".

Subi ao quarto, sendo minha mochila levada pelo atendente. Dentro do quarto, me vi só com as minhas limitações. Estrabuchei todas as coisas da mochila sobre a cama, e sobre o toucador do banheiro. Mas faltava abrir os potes, tirar as roupas para tomar banho, tomar o banho, etc... e vi que não estava conseguindo. Minha mão engessada, os dedos que ficavam para fora, os quais eu precisava manter para cima e movimentando, se mostravam inchados e roxos.

Alí começou o meu caminho de volta. Saí para o corredor e fui atrás de uma camareira, até encontrar Isabel, minha xará, que pacientemente me ajudou na simples coisa de tirar roupas, tomar banho, e colocar outras roupas. Isabel também se responsabilizou pelas roupas sujas, já que percebeu que eu trazia pouquíssimas. Afinal, eu era peregrina, peregrina quebrada, mas peregrina.

Saí pelas ruas à procura de um locutório, uma lan, onde pudesse escanear meus documentos. Passo no quiosco existente na esquina, e pergunto ao senhor que lá trabalha, o qual me atende tão alegremente, que não exito: conto a ele minha história, e peço para que me amarrar os tênis, coisa que havia esquecido de pedir a Isabel. Gabriel, era o nome dele, prontamente se apresentou, e foi super simpático, colocando-se a meu dispor para o que fosse preciso.

Percebi que, na Espanha, serviços do tipo locutório são quase que invariavelmente oferecidos por pessoas não espanholas - peruanos, nigerianos, porto riquenhos, etc. - e que são uma mistura de tudo: locutório, mini mercado, salões de beleza para cabelos afros, assim como até a casa das criaturas que se dizem proprietárias... E assim que, naquele dia, fui parar no locutório de um nigeriano, que tirei da cama, usando meu telefone celular, já que, pelo menos, ele colocava o dele na porta.

Deu tempo para eu fazer amizade com o nigeriano, com a mãe dele, e com o filhinho dele, assim como com um outro amigo, que chegou depois, trazendo também o filhinho. Seguindo o padrão espanhol de trabalho, o coitado fazia tudo, e atendia a todos que chegavam e ao telefone sozinho, assim como tentava escanear meus documentos... Por estes motivos, fiquei por dentro de todas as mazelas da família nigeriana... já que permaneci com eles umas duas horas daquele dia.

Hoje, me arrependo de não ter feito fotos dessas pessoas todas. Naquele dia, minha cabeça estava triste....

Fotos: dos arredores do Hotel Eslava e detalhes de Pamplona.

3 comentários:

  1. Eu tambem me arrependo de não ter tirado fotos, de varias pessoas queridas que conheci durante o caminho. São coisas da vida! Um abração,

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  2. Isabel,

    Muitas vezes enquanto fazia o caminho me perdi, e um anjo aparecia no meu caminho e me indicava a rota que eu devia seguir para retornar ao Camiño.
    Outras vezes a dor da caminhada solitária era bastante reduzida quando Deus mandava um peregrino ou peregrina para dividir comigo a distancia a ser vencida.
    Não foram raras as ocasiões em que as dúvidas me assomavam e um sinal na forma de um perro infiel que me seguia e depois me abandonava ou de uma cegonha que pousava na torre de uma igreja era como um anjo que se cruzava comigo no caminho.
    COM O TEMPO e só com ele e depois de ter concluído a minha caminhada é que percebi que as vezes quem era enviado era EU
    GRACIANO/ DE VALINHOS

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  3. Olá!!!

    Sei de peregrinos que se machucaram, Ana machucou o pé e não pode continuar no Caminho, mas com certeza terá outras oportunidades para voltar ao Caminho, assim como vc...
    Seus Caminhos são marcas no caminho Evolutivo...

    Grande beijo Ju

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