quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PARA A AZIZA



A Aziza é uma leitora deste blog. Tentei mandar uma mensagem para ela, por e-mail, mas não foi possível, tendo em vista que ela não postou nenhum endereço, e não tem perfil no blogger.
Mas o comentário dela está postado na mensagem aí de baixo, e quem quiser saber é só clicar em “comentários” e lê-lo, para saber dos fatos a que pretendo me reportar.


Prezada Aziza,


Sabe, quando fazia os meus preparatórios para o Caminho de Santiago, participei de uma caminhada de quatro dias, a “Caminhada da Paz”, que acontece todos os anos, aqui em meu Estado, na região de minha cidade.


Nesta caminhada, senti umas dores estranhas nas costas, como se eu tivesse cãimbras, e passei meio aperreada por causa disto. Todo o dia, à noite, eu ficava quase sem conseguir respirar. Qualquer movimento desencadeava a tal sensação de cãimbra no meio das costas.


Em janeiro, resolvi procurar um ortopedista. Após os exames, ele me informou o número de meus bicos de papagaio (uns quatro, eu acho). E me desaconselhou a caminhada – “teu caminho será só de dor”.


Mas eu nunca fui muito de me me mixar para estes diagnósticos. E fui correr atrás de mais informações, e fui a outro médico, assim como conversei com meu preparador físico da academia. Para o outro médico, a causa de minhas dores não eram os bicos de papagaio, mas sim a minha obstinação em não fazer exercícios abdominais. E passei a fazê-los, uma série de 300, tres vezes por semana, assim como continuei com as caminhadas preparatórias, sentindo que aqueles desconfortos haviam sumido. Por outro lado, este segundo ortopedista me disse uma frase importante: a dor é um sentimento que muda de intensidade conforme quem a sente. Ou seja, é subjetiva. Assim como muda de intensidade de acordo com os nossos anseios, com as nossas motivações.


O professor de educação física que me ajudou em meus treinamentos veio a me sugerir uma leitura, a respeito de um ciclista – LANCE ARMSTRONG – um americano que, campeão de ciclismo na década de 1990, foi diagnosticado com três tumores cancerígenos. Fui a trás da história de Armstrong, no livro “a Luta de Lance Armstrong” - e o que li me jogou para a frente.


Querida Aziza, não quero dizer que todos nós devemos ser heróis como Armstrong. Ele foi criado para ser um esportista, estava bastante acostumado com as dores, tanto que, quando sentiu os primeiros sintomas de sua doença, não deu importância, achando que eram normais.


Também não vou discutir aqui a capacidade e o conhecimento do teu médico. Mas quero dizer sim, e se possível gritar: A FORÇA ESTÁ DENTRO DE NÓS. Se tens vontade de fazer o Caminho de Santiago, coloque esta vontade na frente de todas as outras e vá. Treine-se. Vale a pena. Faça como puder. Um póuco a pé, outro pouco embarcada (de autobus ou de táxi), mas vá. Aproveite, curta, faça amigos, veja as flores do caminho, as cores, e verá que nem se lembrará de seus problemas de saúde. Caso eles apareçam, dê um tempo a eles, cuide deles, e depois prossiga.


Um grande beijo e obrigada pelas palavras amáveis neste blog.


Foto: Flores do muro de uma residência erm Óbanos - Navarra - Espanha


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