terça-feira, 7 de agosto de 2012

ESTAMOS QUASE LÁ

Andei fora daqui. Não que esquecesse de escrever. Escrevo porque gosto, porque escrever arruma um pouco os meus pensamentos, a minha cabeça.
É que precisei me dedicar a outras coisas: check ups, por exemplo. Hoje, finalmente, sinto-me mais tranquila para escrever.
A hora está chegando. Partimos dia 16.
Não sei se vou caminhar todas as etapas. Vou seguir em frente, de acordo com o que eu sentir todos os dias.
Não posso tomar muitos antiinflamatórios, pelo menos numa sequência muito grande, porque aumentam a pressão arterial, e sou hipertensa.
Enfim, farei o Caminho que Deus quiser e permitir que eu faça.
Acho que, na verdade, deve ser sempre assim. Não podemos esquecer disto.
Reclamei demais em 2010, quando fui, tudo estava bem aparentemente, e caí, e quebrei o pulso. Hoje, concordo com todos os que diisseram: Deus fez o que deveria ter feito: cuidou para que eu não tivesse vivido experiência pior. Quem sabe?
Então, desta vez, sairei com a certeza de que Deus me trouxe até aqui, sã e salva para ir de novo. Sei que não estou tããão sã assim, pois tenho a coluna lombar discotomizada, e não posso exagerar.
Entretanto, o Caminho de Santiago está em mim. E preciso estar lá um pouco, ao menos, vivê-lo um pouco mais, e me conformo de que não seja da forma que eu gostaria - caminhando-o integralmente.
Tentarei, depois, falar desta viagem, até para incentivar outras pessoas que, por terem algumas deficiências, nem pensam em sair de casa. Mas presiso, antes, da Graça de Deus, para permitir que eu complete o Caminho de Santiago.
Tentarei escrever em tempo real. Se não puder caminhar, terei tempo para dar notícias do Caminho e colocar fotos, enquanto espero pelo meu marido que tentará caminhar.
Abraço a todos que me lêem. E torçam por mim!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A IDA E A CHEGADA


Eu estou aqui. Mas minha cabeça está lá. Saio do Brasil no dia 16.08.2012. Meu vôo está marcado para as 15:35hs, saindo de Guarulhos.
Estes dois meses que antecedem a ida é impossível colocar a cabeça em outro lugar por muito tempo. A gente faz tudo: trabalha, descansa, lê, compra isto, compra aquilo, é um ser normal. Aparentemente, porque nossa cabeça é dividida.  Tem a parte que quer ser um ser normal e tem a parte que está louca para se tornar um peregrino no Caminho de Santiago.
Meu marido me liga umas duas ou três vezes por dia. Já sei.  Notícias sobre coisas que ainda faltam (ainda falta comprar o tal seguro). Ou quer apenas divagar sobre qualquer coisa, mas sempre relacionada à viagem. Afinal, ele também vai comigo.
Para nós dois que já vamos pela segunda vez, hoje, é até fácil. Porém, lembro de quando foi a minha primeira vez. Faz dois anos. E tenho compaixão de quem vai pela primeira vez. Não sei como a gente consegue ir, sair, chegar em Madrid, ir até Pamplona, e chegar com aquela cara deslumbrada e feliz a SJPP, na França.
A viagem e seus trâmites são normais. Aeroporto, avião e tals, classe econômica e tals, e mais cansaço, expectativa, são coisas normais, e ninguém vai querer sair de casa sem passar por isto.
O que me preocupava era a chegada em Madrid, o tamanho daquele aeroporto. E, se alguém me perguntar como é, como foi, não sei explicar. Sei que, como ovelha, eu seguia o grande grupo de passageiros a minha frente. Na aduana, é fácil entender que tem atendimento para pessoas que fazem parte da comunidade européia e os que não (fila bem maior, é claro). Para mim, atendimento normal, mostra de passaporte, explica o porque de ter vindo para a Espanha, carimbaço, e adiós. Depois, sempre seguindo o grupão, a gente entra em um elevador  que desce até uma pequena estação de metrô. Entrei neste metrô, que logo pára e todos descem, e... não me lembro muito bem o que aconteceu depois. Eu não tinha que pegar bagagem, estava com a mochila junto comigo, e procurei me dirigir ao metrô, aquele que me levaria a estação Atocha. Pergunta daqui, pergunta dali, consegui chegar na entrada do metrô, comprar a passagem mecanicamente (uma máquina, onde a gente coloca dois euros em moedas e lá vem o ticket).
Depois de estar no metrô, a coisa até ficou tranquila e fácil. Mesmo tendo que desembarcar na estação de "Alguma Coisa Ministérios", e pegar outro metrô até Atocha. Consegui me divertir com uma família completa de nigerianos, prestar atenção que os espanhóis leem muito dentro do metrô, etc.
Em Atocha, compra a passagem para Pamplona, espera a hora do trem para Pamplona, e... relaxa. Cheguei em Pamplona, e dali Juan me guiou até um hotel, me ensinou a ir almoçar, a ir ao El Corte Inglés, a ir ao Correio comprar um chip para o celular, e eu descobri outras coisas sozinha mesmo,
No dia seguinte, o mesmo Juan me levou até SJPP. Simples assim. Mais de 48 horas de minha saída do Brasil, eu começava o Caminho, em direção a Orisson.
Na foto, o casalzinho, em uma caminhada de treinamento básico, em 07.06.2012.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A MOCHILA



Pensei que, como eu já tenho muitas coisas da outra ida ao Caminho de Santiago, que desta vez a coisa seria mais fácil, e tals para arrumar a mochila. Que Nada! Cada vez que penso no que tenho que levar, me dá aquele frio na barriga, aquela insegurança. Na verdade, é muito pouca coisa que se pode levar, o que implica em levar realmente o necessário, e ficar com saudade do que não considerarmos necessário.
Quando falo necessário, por favor, entendam: primordial. Porque lá, no Caminho, a gente descobre que mesmo aquilo que considerávamos promordial, não está sendo nada promordial, está sendo demais, fica no fundo da mochila, só incomodando, e fazendo peso. 
Em 2010, levei quatro mudas de roupas. Descobri que não precisava de taaanta roupa assim. Desta vez, levarei só três mudas, contando com a que vai no meu corpo, ou seja, o abrigo. Na mochila, levarei duas bermudas e três camisetas, 03 calcinhas,  03  toppers e 03 pares de meia. Fora isto, tem a capa de chuva, e mais um casaco bem leve, de um tecido bem quentinho, próprio para caminhadas, que usarei por baixo do agasalho do abrigo em caso de muito frio.
Levei muitos remédios. Não levarei mais. Remédios que eu não uso todos os dias, comprarei por lá se eu precisar. Toalha de banho: comprei um metro e 40 centímetros de tecido para fralda que servirá de toalha para mim. Grande o suficiente para enrolar todo o corpo e, sobretudo, super leve. Levo, também, mais uma fralda pequena, que era de meu neto, Davi, para secar a cabeça. 
Sabonete, shampoo, pente, corta unhas pequeno, elásticos para amarrar o cabelo, algum tipo de creme ou óleo para o corpo, todos em tubos de 100 ml. Grande,  apenas o protetor solar.Conforme as coisas forem faltando, a gente vai comprando e repondo.
Não esquecer que ainda tem: máquina fotográfica, celular, cabos para recarregar, o tal do entufe (tomada própria para os meus equipamentos com entrada para as tomadas da Espanha), um par de havaianas, e o indispensável e mais pesado de todos - o SACO DE DORMIR. O meu pesa 600 gramas.
Com estas coisas, não pretendo fazer mais do que 6 quilos na minha mochila. 
Por favor, se estou esquecendo algo, me avisem.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

PASSAGENS E OUTRAS COISAS




Meu blog sempre foi muito mais para eu falar do que sinto do que ajudar os outros na busca por informações. Mea culpa. Assim, resolvi contar como foram as buscas por passagens aéreas neste ano. Compramos as passagens no final do mês de março. Sei que faltavam, ainda, mais de quatro meses para a data do embarque, mas passagem aérea é assim: quanto antes se compra, mais barato se paga. 
Assim, que encaramos os R$ 2.050,00 pela passagem de Guarulhos até Madrid, pela Ibéria. Depois, tinha o trajeto Florianópolis-Guarulhos, que ficou nos exatos R$ 240,00, pela Gol. Tudo isto inclui ida e volta.
Para quem mora no sul do mundo não dá para pensar em ir de avião até Pamplona. Este trecho de Florianópolis até Guarulhos, e mais o vôo até Pamplona encarece muito as passagens. Aliás, acho que encarece qualquer passagem. Uma ida de Madrid até Pamplona de trem fica na faixa dos 60 euros. No total, as coisas, no âmbito das passagens, aportaram em volta dos 2.290,00. 
As passagens da Ibéria foram compradas na agência da CVC, aqui de Tubarão/SC. Pagamos uma taxa de R$ 130,00 pelos serviços, por cada passagem emitida (foram duas - a minha e a de meu namorado), então, seria melhor dizer que tudo mesmo ficou em torno dos R$ 2.420,00. 
Faltam ainda os seguros. Temos certeza que não gastaremos menos de R$ 300,00 pelos 48 dias que pretendemos ficar na Europa. 
Minha experiência: não adianta a gente se extressar de ficar procurando aqui, ali, acolá, neste e/ou naquele site, etc. As passagens saem, no final, tudo a mesma coisa, muito pouca diferença para que se fique dias, horas, em frente ao computador,  pesquisando. Entre, de uma vez, em uma agência de viagens, e mande ver a sua passagem. Afinal, temos muito mais para pensar quando decidimos fazer o Caminho de Santiago. Na próxima, vou falar um pouco sobre as coisas que NÃO PRETENDO LEVAR desta vez. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Parada para Recauchutagem...

Não sei se todos os que fizeram o Caminho de Santiago perceberam que, na maioria, as pessoas que o trilham são sempre maiores de 50 anos. Um dos motivos, na minha modesta visão,  é o fato de que o Caminho consome, se feito inteiro, no mínimo, 30 dias, e uma pessoa que trabalhe ainda, e que não disponha de maneiras de estender suas férias, não tem condições de fazê-lo sem ser às pressas. Assim, os maiores de 50, muitas vezes aposentados, é que vão para a Espanha em maior número.
Entretanto, nesta altura da vida, a coisa fica, pelo ponto de vista de capacidade física, meio complicada. Uma pessoa com mais de 50 anos pode desenvolver muitos tipos de pequenas deficiências que comprometem a caminhada.
No meu caso, avançada nos 58 anos, sou portadora de discotomia degenerativa, aquilo que comumente chamamos de hérnia de disco. Tenho três discos cansados, secando, entortando, e matando-me de dor em certas circunstâncias. Nunca deixei de caminhar por causa disto. Consigo fazer qualquer tipo de exercício, quer na academia, quer nas aulas de yoga, e pratico diariamente uns cinco minutos de alongamento. Mas... vez ou outra, levo um susto: um movimento bobo, que nada tem a ver com práticas de nada, de excessos, porém lá fico eu: dura, sem poder movimentar-me,  porque uma dor lacinante brota em minhas costas, e me põe ofegante.
Assim foi esta semana. Acordei na madrugada de segunda, e não conseguia levantar-me da cama para ir ao banheiro. A inflamação estava ali. Muitos anti-inflamatórios depois, e sem nenhum tipo de esforço físico, vejo-me, hoje, renovada, sem dores, e pronta para recomeçar tudo de novo.
Tenho, agora, três meses e meio para refortalecer as costas, minha maior concentração de exercícios são sempre no sentido de fortalecer as costas e abdômen, para que as crises inflamatórias sejam menos frequentes e rápidas. Mas que fica uma grande insegurança, fica, e a gente começa a pensar que as coisas nem sempre acontecem quando somos jovens, cheios de saúde, e sem problemas desse tipo para trabalhar antes de encarar a caminhada de nossos sonhos. Será que é aí que entra a fé?  A imagem é uma das práticas que me foram permitidas durante esta semana - alongamento.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A 120 DIAS



Estou a 120 dias do embarque para um novo Caminho.

A ansiedade, agora, começa a crescer, as últimas providências precisam ser tomadas. As passagens já estão compradas. Mas falta ainda o seguro, algumas roupas, e pedir o certificado de peregrino.

Durante estes 120 dias que me separam de estar novamente no Caminho, pretendo fazer mais treinamentos - físicos e emocionais. Os físicos, acredito eu, estão em dia, tendo em vista que meu dia a dia é bastante comprometido com a academia, com caminhadas semanais de mais de 12 km. Entretanto, o emocional precisa ser lapidado. Quando eu fui, em 2010, acreditei muito em mim, estava com uma performance física muito boa. Hoje, já não é bem assim. Os discos da coluna cederam bastante, e as dores após cada caminhada são certas, e mais fortes. Consequentemente, preciso acertar meu emocional para que, no caso de não ser possível fazer o Caminho como eu gostaria, eu possa fazê-lo da forma como der.

E, assim, a vida anda. Eu ando bem feliz. E quando a gente está assim parece que a vida não anda, a gente gostaria que as coisas acontecessem mais depressa. No fundo, eu sei que o dia tem só 24 horas, e que cada hora tem 60 minuos e que cada minuto tem 60 segundos, e que o ritmo desse escorrer das horas, dias e meses é o mesmo, sempre, haja o que houver.

Mas que dá uma certa sensação de tempo parado frente a minha expectativa, isso dá.

Na foto, eu, meu namorado, e a sombra de três amigos, no sábado de carnaval, começando uma caminhada, subindo o Morro do Corvo Branco - Grão Pará - SC

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

EMOÇÕES VELHAS E NOVAS


Minha viagem frustrada para a Espanha, em 2010, surtiu alguns efeitos sobre as minhas expectativas atuais. Por exemplo, eu não consigo mais falar sobre o Caminho de Santiago tanto como eu falava naquela época. Mesmo participando das mesmas comunidades e dos mesmos grupos de antes, mesmo lendo as postagens dos peregrinos que também se preparam para ir (a maioria vai em maio), não consigo externar minhas emoções com a mesma intensidade. Não que eu não sinta. Eu sinto, mas não consigo (ou não quero?) externar.
As situações fazem muito com a gente. Mexem bastante com as nossas expectativas, frustram-nas, e a gente quase não percebe. E se não deixei a idéia do Caminho de Santiago de lado, foi porque, na real, tenho mesmo um sonho ainda dentro de mim, e se não tentar vivê-lo mais uma vez ao menos, a coisa não anda. É como se eu tivesse que deixar uma parte de mim para trás, fechar uma porta sem ter aberto. Mais ou menos assim.
Viver esta segunda preparação está sendo, de certa forma, até monótono. Talvez seja este o motivo de não precisar falar. Afinal, repetir a lição de casa, desde os tempos de criança, é um saco. E, neste caso, é exatamente isto o que acontece - repetir a lição de casa. A outra não. A outra eu não vivi, pelo menos não na sua totalidade. Muito embora tenha tido uma bela prévia do que é ir até lá, chegar lá, e começar a andar.
É engaraçado como eu não consigo me esquecer de certos detalhes, pequenos, que em outras situações poderiam passar despercebidos. Principalmente, lembro de cada emoção. De cada pensamento, muitos deles bem bobos, mas lembro.
Assim é esta história de Caminho de Santiago - um total mergulho na essência daquilo que queremos. Não sei como é com as outras pessoas que foram. São muitos os motivos para se ir até lá.
Estou, hoje, a exatos seis meses da próxima viagem. Sinto tudo de novo. Não vejo a hora de estar lá, de recomeçar. O coração bate forte.