sexta-feira, 27 de abril de 2012

Parada para Recauchutagem...

Não sei se todos os que fizeram o Caminho de Santiago perceberam que, na maioria, as pessoas que o trilham são sempre maiores de 50 anos. Um dos motivos, na minha modesta visão,  é o fato de que o Caminho consome, se feito inteiro, no mínimo, 30 dias, e uma pessoa que trabalhe ainda, e que não disponha de maneiras de estender suas férias, não tem condições de fazê-lo sem ser às pressas. Assim, os maiores de 50, muitas vezes aposentados, é que vão para a Espanha em maior número.
Entretanto, nesta altura da vida, a coisa fica, pelo ponto de vista de capacidade física, meio complicada. Uma pessoa com mais de 50 anos pode desenvolver muitos tipos de pequenas deficiências que comprometem a caminhada.
No meu caso, avançada nos 58 anos, sou portadora de discotomia degenerativa, aquilo que comumente chamamos de hérnia de disco. Tenho três discos cansados, secando, entortando, e matando-me de dor em certas circunstâncias. Nunca deixei de caminhar por causa disto. Consigo fazer qualquer tipo de exercício, quer na academia, quer nas aulas de yoga, e pratico diariamente uns cinco minutos de alongamento. Mas... vez ou outra, levo um susto: um movimento bobo, que nada tem a ver com práticas de nada, de excessos, porém lá fico eu: dura, sem poder movimentar-me,  porque uma dor lacinante brota em minhas costas, e me põe ofegante.
Assim foi esta semana. Acordei na madrugada de segunda, e não conseguia levantar-me da cama para ir ao banheiro. A inflamação estava ali. Muitos anti-inflamatórios depois, e sem nenhum tipo de esforço físico, vejo-me, hoje, renovada, sem dores, e pronta para recomeçar tudo de novo.
Tenho, agora, três meses e meio para refortalecer as costas, minha maior concentração de exercícios são sempre no sentido de fortalecer as costas e abdômen, para que as crises inflamatórias sejam menos frequentes e rápidas. Mas que fica uma grande insegurança, fica, e a gente começa a pensar que as coisas nem sempre acontecem quando somos jovens, cheios de saúde, e sem problemas desse tipo para trabalhar antes de encarar a caminhada de nossos sonhos. Será que é aí que entra a fé?  A imagem é uma das práticas que me foram permitidas durante esta semana - alongamento.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A 120 DIAS



Estou a 120 dias do embarque para um novo Caminho.

A ansiedade, agora, começa a crescer, as últimas providências precisam ser tomadas. As passagens já estão compradas. Mas falta ainda o seguro, algumas roupas, e pedir o certificado de peregrino.

Durante estes 120 dias que me separam de estar novamente no Caminho, pretendo fazer mais treinamentos - físicos e emocionais. Os físicos, acredito eu, estão em dia, tendo em vista que meu dia a dia é bastante comprometido com a academia, com caminhadas semanais de mais de 12 km. Entretanto, o emocional precisa ser lapidado. Quando eu fui, em 2010, acreditei muito em mim, estava com uma performance física muito boa. Hoje, já não é bem assim. Os discos da coluna cederam bastante, e as dores após cada caminhada são certas, e mais fortes. Consequentemente, preciso acertar meu emocional para que, no caso de não ser possível fazer o Caminho como eu gostaria, eu possa fazê-lo da forma como der.

E, assim, a vida anda. Eu ando bem feliz. E quando a gente está assim parece que a vida não anda, a gente gostaria que as coisas acontecessem mais depressa. No fundo, eu sei que o dia tem só 24 horas, e que cada hora tem 60 minuos e que cada minuto tem 60 segundos, e que o ritmo desse escorrer das horas, dias e meses é o mesmo, sempre, haja o que houver.

Mas que dá uma certa sensação de tempo parado frente a minha expectativa, isso dá.

Na foto, eu, meu namorado, e a sombra de três amigos, no sábado de carnaval, começando uma caminhada, subindo o Morro do Corvo Branco - Grão Pará - SC