quinta-feira, 26 de agosto de 2010

FALTAM 06 DIAS





Faltam seis dias para eu viajar para a Espanha. Dia 03.09.2010, devo começar minha caminhada, subindo até Orisson, dormindo ali, e continuando no dia seguinte até Roncesvalles. Terei a oportunidade de caminhar nos montes Pirineus.

Penso sobre isto. Penso no que irei ver durante estes oitocentos e tantos quilômetros de trajetória a pé até Santiago de Compostela.
Quando viajei até o Peru, para conhecer de perto Machu Pichu, lembro que chorei quando entrei na catedral de Cuzco, com seus altares todos em ouro e/ou prata. Ali estavam as riquezas dos Incas.

Hoje, vi, na comunidade do Orkut - Peregrinando com Ana e Regina - duas peregrinas que fazem o caminho atualmente, o relato de Ana, sobre as igrejas católicas ao longo do trajeto. Dizia Ana que estava indignada com a quantidade de ouro existente dentro das igrejas que tem visitado. Compara a riqueza inútil de um altar em ouro, com a pobreza e miséria de alguns países.

Tudo é verdade. Ninguém desconhece a exploração que as duas Américas - do Sul e Central - foram vítimas por parte dos reis católicos da Espanha, e acredito que o ouro que a Ana vê por lá deva ser, sim, boa parte do ouro dos Incas e dos Astecas.

Escrevi para a Ana, e pedi a ela que deixasse de lado estas comparações. Ana está cansada, um pouco estropiada pelo andar a 20 dias, e pedi a ela que pensasse no trabalho em construir uma catedral. Pensasse nas mãos que ajudaram-se a fazer uma catedral, nas pessoas que ajudaram a realizar uma obra assinada por Gaudí. Pessoas simples, com certeza, daquele tipo que Jesus e que Tiago tinham sempre ao seu lado. Como estas pessoas somos nós, a maioria dos peregrinos que tem andado pelo Caminho ao longo destes longínquos tempos.

Ando pelo mundo. Por prazer, por treinamento. Ando a pé. E o que me encantaria, ainda, é ir até Eunate, lá em Óbanos, próximo a Puente de la Reina, aquela igrejinha no meio do nada, uma capela na verdade, e lá poder me ajoelhar e rezar. Nada parece ter mais energia dentro do Caminho do que a simplicidade de Eunate.

Enquanto não chego lá, ando treinando, treinando e treinando. Domingo passado, caminhei 10 km até Gravatal, aqui, ao lado de Tubarão. No meio rural. No meio das coisas simples. Como aquelas que pretendo ter a sensibilidade de perceber ao longo do Caminho.

Fotos da Caminhada a Gravatal, em 22.08.2010.

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