segunda-feira, 21 de junho de 2010

PREPARAÇÃO III


Quando iniciei minhas pesquisas para fazer o Caminho, fazê-lo a pé e com a mochila nas costas, com tudo que se precisaria dentro dela para viver os 30 dias de caminhada, era quase uma obrigação. Hoje, fazer o Caminho com mochila cheia é uma tradição para aqueles que desejam realizar a caminhada da maneira como foi feita por milhares de peregrinos ao longo da existência do Caminho de Santiago. Porque obrigação não é mais.



Hoje, ao longo do Caminho de Santigo, surgiram albergues privados que não fazem exigências como os públicos. Surgiram empresas que carregam as mochilas de uma cidade a outra, ao gosto do peregrino, é facílimo contactar com um taxista que busque o peregrino nos lugares em que ele literalmente "empacar", ou seja, não conseguir mais dar um passo.



Alguns condenam esta "turistificação" do Caminho, onde apareceram muitas empresas com profissionais que se encarregam de fazer da caminhada uma coisa menos árdua. De minha parte, não condeno. Acho bom. Entendo que deva haver escolhas, seja para quem julga ser bom para si uma caminhada mais tradicional, como para quem entender que só caminhar, sem levar mochila, ou que entenda caminhar partes apenas, como muitos hoje o fazem, andando de táxi, ônibus o restante das trajetórias diárias. Assim que, ficar hoje, dizendo o que levar na mochila é uma coisa do passado. Peregrino que entender que pode pagar uma média de 7,00 euros por cada trajeto para que lhe carreguem as tralhas, poderá fazê-lo tranquilo, sem problemas, levando tudo o que entender necessário.



Mas, para os tradicionais, e devo dizer que sou tradicional, gostaria de lembrar que caminhar com sua mochila, levar o realmente necessário, desenvolve em nós uma capacidade maior de adaptação. Desenvolve mais nosso espírito de partilhar. Desenvolve mais nosso desapego das coisas materiais. E acredito que estas sejam umas das maiores lições do caminho.






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