quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

EMOÇÕES VELHAS E NOVAS


Minha viagem frustrada para a Espanha, em 2010, surtiu alguns efeitos sobre as minhas expectativas atuais. Por exemplo, eu não consigo mais falar sobre o Caminho de Santiago tanto como eu falava naquela época. Mesmo participando das mesmas comunidades e dos mesmos grupos de antes, mesmo lendo as postagens dos peregrinos que também se preparam para ir (a maioria vai em maio), não consigo externar minhas emoções com a mesma intensidade. Não que eu não sinta. Eu sinto, mas não consigo (ou não quero?) externar.
As situações fazem muito com a gente. Mexem bastante com as nossas expectativas, frustram-nas, e a gente quase não percebe. E se não deixei a idéia do Caminho de Santiago de lado, foi porque, na real, tenho mesmo um sonho ainda dentro de mim, e se não tentar vivê-lo mais uma vez ao menos, a coisa não anda. É como se eu tivesse que deixar uma parte de mim para trás, fechar uma porta sem ter aberto. Mais ou menos assim.
Viver esta segunda preparação está sendo, de certa forma, até monótono. Talvez seja este o motivo de não precisar falar. Afinal, repetir a lição de casa, desde os tempos de criança, é um saco. E, neste caso, é exatamente isto o que acontece - repetir a lição de casa. A outra não. A outra eu não vivi, pelo menos não na sua totalidade. Muito embora tenha tido uma bela prévia do que é ir até lá, chegar lá, e começar a andar.
É engaraçado como eu não consigo me esquecer de certos detalhes, pequenos, que em outras situações poderiam passar despercebidos. Principalmente, lembro de cada emoção. De cada pensamento, muitos deles bem bobos, mas lembro.
Assim é esta história de Caminho de Santiago - um total mergulho na essência daquilo que queremos. Não sei como é com as outras pessoas que foram. São muitos os motivos para se ir até lá.
Estou, hoje, a exatos seis meses da próxima viagem. Sinto tudo de novo. Não vejo a hora de estar lá, de recomeçar. O coração bate forte.